sexta-feira, 1 de julho de 2011

DEPRESSÃO NO TRATAMENTO DA HEPATITE C

Um interessante estudo acaba de ser publicado no American Journal of Gastroenterology relatando um trabalho realizado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, pelo qual os pesquisadores queriam saber se a depressão durante o tratamento da hepatite C era ocasionada por alterações bioquímicas resultantes da ação do interferon e da ribavirina.

O transtorno mais comum durante o tratamento da hepatite C é a depressão com todo seu quadro clínico conhecido, mas, apesar disso, talvez não seja somente um problema afetivo. São vários os fatores que contribuem para a etiologia da depressão emocional e, entre eles, destaca-se cada vez mais a importância da bioquímica cerebral.

Foram selecionados 201 pacientes não respondedores a um tratamento prévio, os quais foram tratados com interferon peguilado alfa 2-a e ribavirina, todos eles com avançada fibroses, objetivando evitar que eles progredissem para a cirrose. Um grupo foi tratado por 24 semanas e outro durante 48 semanas.

O estado psicológico e a depressão foram avaliados realizando entrevistas e utilizando formulários reconhecidos cientificamente como o Beck Depression Inventory II e o Composite International Diagnostic Interview, acompanhando o tratamento com exames no inicio do tratamento e nas semanas 4, 24, 48 e 72 para verificar o nível de cortisol e serotonina. Cortisol é um hormônio corticosteróide produzido pela glândula supra-renal que está envolvido na resposta ao estresse e a serotonina é um neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro.

Foi verificado que na semana 24 do tratamento 23% dos pacientes apresentava depressão induzida pelo tratamento e na semana 48 assustadores 42% apresentavam sinais de depressão.

Curiosamente, os níveis de cortisol e serotonina, sempre diminuídos em pacientes com depressão emocional, não sofriam essa alteração nos pacientes com depressão por causa do tratamento com interferon e ribavirina. Outro resultado que chamou a atenção e que a maioria dos pacientes que apresentavam depressão na semana 24 se encontrava no grupo que na semana 20 não tinham conseguido negativar o vírus.

Concluem os autores que a depressão durante o tratamento com interferon e ribavirina está associada a uma resposta antiviral mais baixa, a uma menor resposta terapêutica. Recomendam ainda a realização de estudos para encontrar marcadores bioquímicos que possam identificar a depressão induzida pelo interferon e a ribavirina.

O estudo passa a ser mais um que demonstra ser a depressão um dos maiores problemas para se conseguir sucesso no tratamento da hepatite C, motivo pelo qual sempre recomendamos dar muita atenção ao problema e todos aqueles que possam suspeitar de sofrer de sintomas depressivos devem procurar um psiquiatra para tratar disso antes e durante todo o tratamento.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte: Am J Gastroenterol. 2008 Aug 21 - Changes in Mood States and Biomarkers During Peginterferon and Ribavirin Treatment of Chronic Hepatitis C. - Fontana RJ, Kronfol Z, Lindsay KL, Bieliauskas LA, Padmanabhan L, Back-Madruga C, Lok AS, Stoddard AM; the HALT-C Trial Group. - Division of Gastroenterology, University of Michigan, Ann Arbor, Michigan, USA.

Carlos Varaldo - Grupo Otimismo

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