terça-feira, 2 de agosto de 2011

Estudo sobre a depressão no tratamento da Hepatite C.

Um interessante estudo acaba de ser publicado no American Journal of Gastroenterology relatando um trabalho realizado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, pelo qual os pesquisadores queriam saber se a depressão durante o tratamento da hepatite C era ocasionada por alterações bioquímicas resultantes da ação do interferon e da ribavirina.

O transtorno mais comum durante o tratamento da hepatite C é a depressão com todo seu quadro clínico conhecido, mas, apesar disso, talvez não seja somente um problema afetivo. São vários os fatores que contribuem para a etiologia da depressão emocional e, entre eles, destaca-se cada vez mais a importância da bioquímica cerebral.

Foram selecionados 201 pacientes não respondedores a um tratamento prévio, os quais foram tratados com interferon peguilado alfa 2-a e ribavirina, todos eles com avançadas fibroses, objetivando evitar que eles progredissem para a cirrose. Um grupo foi tratado por 24 semanas e outro durante 48 semanas.

O estado psicológico e a depressão foram avaliados realizando entrevistas e utilizando formulários reconhecidos cientificamente como o Beck Depression Inventory II e o Composite International Diagnostic Interview, acompanhando o tratamento com exames no inicio do tratamento e nas semanas 4, 24, 48 e 72 para verificar o nível de cortisol e serotonina. Cortisol é um hormônio corticosteróide produzido pela glândula supra-renal que está envolvido na resposta ao estresse e a serotonina é um neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro.

Foi verificado que na semana 24 do tratamento 23% dos pacientes apresentava depressão induzida pelo tratamento e na semana 48 assustadores 42% apresentavam sinais de depressão.

Curiosamente, os níveis de cortisol e serotonina, sempre diminuídos em pacientes com depressão emocional, não sofriam essa alteração nos pacientes com depressão por causa do tratamento com interferon e ribavirina. Outro resultado que chamou a atenção e que a maioria dos pacientes que apresentavam depressão na semana 24 se encontrava no grupo que, na semana 20, não tinham conseguido negativar o vírus.

Concluem os autores que a depressão, durante o tratamento com interferon e ribavirina, está associada a uma resposta antiviral mais baixa, a uma menor resposta terapêutica. Recomendam ainda a realização de estudos para encontrar marcadores bioquímicos que possam identificar a depressão induzida pelo interferon e a ribavirina.

O estudo passa a ser mais um que demonstra ser a depressão um dos maiores problemas para se conseguir sucesso no tratamento da hepatite C, motivo pelo qual sempre recomendamos dar muita atenção ao problema e todos aqueles que possam suspeitar de sofrer de sintomas depressivos devem procurar um psiquiatra para tratar disso antes e durante todo o tratamento.



Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte: Am J Gastroenterol. 2008 Aug 21 - Changes in Mood States and Biomarkers During Peginterferon and Ribavirin Treatment of Chronic Hepatitis C. - Fontana RJ, Kronfol Z, Lindsay KL, Bieliauskas LA, Padmanabhan L, Back-Madruga C, Lok AS, Stoddard AM; the HALT-C Trial Group. - Division of Gastroenterology, University of Michigan, Ann Arbor, Michigan, USA.

Carlos Varaldo - Grupo Otimismo

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